APEOESP denunciará a bagunça que o governo Alckmin está fazendo na rede estadual.
Manifestação organizada pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo - APEOESP denunciará a bagunça que o governo Alckmin está fazendo na rede estadual. Nesta quinta-feira, 29, a APEOESP fará na avenida Paulista (vão-livre do MASP), às 17h, a primeira atividade do “Grito pela Educação Pública de Qualidade no Estado de São Paulo”, após Assembleia Estadual, marcada para 15h.
A manifestação conta com a adesão de diversas entidades sindicais – como CUT, CTB, Fupe (Federação Única dos Petroleiros), Afuse, Sindipetro-SP, Sinpeem, Sinteframo –, estudantis (UEE, UPES, UMES) e dos movimentos sociais – MTST, MST, União dos Movimentos de Moradia.
O objetivo é envolver a sociedade civil, pais e alunos na luta por uma escola pública de qualidade e para todos e contra a bagunça na rede pública que o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) está promovendo em São Paulo.
Há um mês, por meio de uma entrevista concedida ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o secretário da Educação do Estado anunciou a “reorganização” física da na rede pública, que previa, além do fechamento de escolas, a criação de unidades escolares de “ciclo único” – escolas do 1º ao 5º ano; do 6º ao 9º ano; e de Ensino Médio. Desde então, a APEOESP mobilizou pais, alunos e professores e já realizou centenas de atividades em todas as regiões do Estado, com panfletagem e coleta de assinaturas para um abaixo-assinado contra a “reorganização” da rede escolar. No dia 20 de outubro, o sindicato reuniu dez mil professores, pais, estudantes e representantes de diversos segmentos sociais, que participaram de um grande ato contra a bagunça na rede de ensino. O ato ocorreu na Praça da República, seguindo em caminhada pelo centro de São Paulo.
O governo do Estado vinha negando veementemente, por meio da imprensa, que fecharia escolas. Nessa segunda-feira, 26/10, em entrevista coletiva à imprensa, o secretário de Educação do Estado de São Paulo anunciou o fechamento de 94 escolas estaduais, além de criar 754 escolas de ciclo único. De acordo com o secretário, 1.464 escolas, em 162 municípios, serão atingidas diretamente pela “reorganização” da rede estadual de ensino – na verdade, uma grande bagunça na rede, pois, neste primeiro momento, as medidas do governo atingirão ao menos 340 mil alunos e 74 mil professores (cerca de 30% do total de docentes da rede).
Para a presidente da APEOESP, Maria Izabel Azevedo Noronha (Bebel), estes números são enganosos, pois desconsideram o “efeito cascata”, ou seja, o fechamento de uma unidade ou sua reestruturação repercutirá nas demais escolas da região, com o aumento do número de estudantes nas classes, com alterações na vida de professores e funcionários e até mesmo demissões.
Hoje, os estudantes e professores já sofrem com a superlotação das salas de aula. O fechamento de 1400 classes em 2015 piorou essa situação, prejudicando a qualidade do ensino. Com o fechamento de classes e períodos e a separação em prédios diferentes das escolas de 1º ao 5º ano, das escolas de 6º ao 9º ano das escolas de ensino médio, a tendência é o agravamento desta situação. Com a “reorganização”, muitas crianças serão transferidas para longe de suas casas, causando transtornos a suas famílias.
Na coletiva à imprensa, o secretário disse que 74 mil professores serão afetados diretamente. “Um número muito elevado, pois corresponde a 30% do total de professores da rede. Além disso, como já dissemos, as alterações repercutirão nas demais escolas, afetando um número ainda maior de professores”, comentou Bebel. Isto porque, de acordo com a APEOESP, os professores transferidos de escolas fechadas ou reorganizadas para outras unidades disputarão as aulas com os professores da nova escola, deslocando aqueles com menor pontuação. Além disso, professores efetivos que não encontrarem aulas na nova unidade poderão ser transferidos para escolas mais distantes ou ficarem adidos, ou seja, “encostados”, recebendo menores salários. Os professores estáveis (categoria F) também serão muito afetados, pois poderão ficar com “horas de permanência” (ou seja, sem aulas atribuídas), recebendo salários menores. No caso dos professores temporários (categoria O), deverá haver uma redução, pois pela falta de aulas livres, não haverá contratações.
Para a presidente da APEOESP, ainda, não há justificativa pedagógica para esta “reorganização”. “Ela vai na contramão de todo um percurso da educação brasileira, que caminha na perspectiva de articular o conhecimento entre as diversas etapas da educação básica”, comentou Bebel, para completar que “ela destrói o ensino fundamental de nove anos, concebido para aprimorar a formação de nossas crianças desde o momento da alfabetização até a transição para o ensino médio”.
Fonte: Portal da CNTE
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