“Eu não vendo o meu país” é o nome da campanha nacional lançada nesta quarta-feira (13) durante o seminário sobre privatizações no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF).
“Eu não vendo o meu país” é o nome da campanha nacional lançada nesta quarta-feira (13) durante o seminário sobre privatizações no Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) marcou presença neste debate que reuniu sindicatos, parlamentares do campo progressista, economistas e lideranças de todo o país para organizar estratégias de luta contra a onda de privatizações anunciada pelo governo federal, que reúne 57 projetos de venda de empresas e parcerias público-privadas.
O Seminário que debateu essas privatizações foi organizado pela Comissão de Legislação Participativa, com lideranças do PT, Psol, PCdoB e PDT, e mediado pelo deputado Glauber Braga (Psol/RJ). “Podem existir muitas divergências políticas aqui nesse auditório, mas aqui estamos unidos num só objetivo, que é lutar contra as privatizações”, destacou o deputado José Guimarães (PT/CE). Para ele, essa união é necessária para “lutar contra esse governo que não tem legitimidade para governar nem para privatizar o patrimônio público brasileiro”.
Essa avaliação é reforçada pelo deputado Carlos Zarattini (PT/SP): “Aqui a gente precisa fazer a luta do povo brasileiro. Não é só uma causa das categorias diretamente afetadas, o que está em jogo é o destino o Brasil, a soberania nacional”, advertiu.
Soberania popular
"Querem vender um barril de petróleo pelo preço de uma garrafa de refrigerante!", denunciou a deputada Erika Kokay (PT/DF). Natália Lopes, diretora do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro), explica que há um processo em curso para transformar o país mais dependente da exploração e da exportação de produtos primários, o que leva à desindustrialização nacional, à crescente precarização das condições de trabalho e à concentração de riqueza ainda mais profunda.
"Os golpistas estão acabando com nossa soberania, e querem vender terras para estrangeiros sem nenhum limite", alertou a Senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM). Ela explica que empresários de outros países estão interessados em explorar o potencial de biodiversidade da Amazônia e o Brasil precisa ter critérios rigorosos com relação a esse acesso. No entanto, o Congresso e o governo federal trabalham no sentido de desconstruir leis de proteção ambiental com o objetivo de facilitar a exploração predatória desses recursos.
A coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lúcia Fatorelli, conclama: "É preciso partir pra ofensiva! As privatizações fazem parte de um modelo econômico concentrador!". Ela também criticou as privatizações disfarçadas, como as que estão acontecendo na área da educação com a contratação de Organizações Sociais (OSs) para a educação pública, dentre outros artifícios.
Casa da Moeda
"Privatizar a Casa da Moeda é o cúmulo da subserviência! É crime contra o futuro do país", frisou o Deputado Alessandro Molon (Rede/RJ). A simbólica privatização dessa instituição foi alvo de críticas contundentes. Maria Lucia Fatorelli propôs: “Vamos entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) urgente! A lei que permite a emissão de real no exterior é inconstitucional”, ressaltou.
=> Acesse o Manifesto "O Brasil não está à venda", assinado pela CNTE e participantes do Seminário
Mobilização
Lideranças de movimentos populares nacionais e até da Conferência Nacional de Bispos do Brasil manifestaram amplo apoio na luta contras as privatizações. A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna Dias, assumiu o compromisso: "Minha geração vai lutar pela soberania desse país!".
O dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Alexandre Conceição, declarou: "Quero dar um recado aos estrangeiros [que quiserem comprar terras e estatais]: vocês vão fazer um mau negócio! Porque com nossos facões nós vamos resistir!". Maria Almeida Zezé, coordenadaora nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), reforçou: “Não podemos recuar. Nós do MTST estamos lutando junto contra a privatização. É melhor morrer lutando do que se acovardando", avaliou.
A deputada Luiz Erundina (Psol/SP) explicou que o cenário no Congresso Nacional é desolador: a grande maioria dos políticos não está representando o povo brasileiro. "Eles estão acabando com a nação brasileira, não é só com os nossos direitos”, desabafou. “Sou muito grata a presença de vocês aqui nesse auditório. Esse governo tem que cair. Se mobilizem, ocupem esse congresso!”, conclamou.
Calendário de lutas
A CNTE se soma à luta contra as privatizações e se coloca à disposição para debater esse tema em seus manifestos e aulas públicas. O presidente da CNTE, Heleno Araújo, relata: “As nossas entidades vão pautar esse assunto das privatizações em todo país: no dia 17 de setembro teremos um ato cultural em defesa das universidades públicas e institutos de pesquisa, para um Brasil soberano e inclusivo, em Belém (PA); no dia 3 de outubro teremos atos em defesa da Petrobrás, no Rio de Janeiro (RJ); e no dia 11 de novembro faremos um ato em Brasília (DF) pela anulação da antirreforma trabalhista”.
Fonte: Portal da CNTE
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