terça-feira, 30 de maio de 2017

PARALISAÇÃO DA EDUCAÇÃO DE EUNÁPOLIS COM MOBILIZAÇÃO NESTA QUINTA-FEIRA.



A APLB – SINDICATO DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO DO ESTADO DA BAHIA, DELEGACIA SINDICAL COSTA SUL EUNÁPOLIS, vem através de sua representante legal informar aos Trabalhadores e Trabalhadoras  e à toda Comunidade que,  em Assembléia Geral CONVOCADA e que foi realizada no dia 26 de maio de 2017, com Merendeiras (os) e Auxiliares de Serviços Gerais, foram discutidas várias questões acerca das condições de trabalho. Após discussão, foi DELIBERADO que esses (as) Trabalhadores (as) devem trabalhar conforme Acordo Sindical firmado com o Poder Executivo, ou seja:

1. Cada merendeira terá um auxiliar de cozinha, logo quem cozinha não poderá fazer limpeza, nem vice-versa;

2- Cada auxiliar de serviços gerais ficará responsável pela limpeza de 04 (quatro) salas e as áreas externas serão divididas entre todos;

3- Cada Trabalhador(a) deverá cumprir Carga Horária de 06 (seis) horas diárias.

Quanto ao Programa Novo Mais Educação, foi discutido que o mesmo ocasiona uma sobrecarga de trabalho para os Trabalhadores (as), pois aumenta a demanda de alimentação a ser feita e o trabalho adicional na limpeza dos espaços utilizados, inviabilizando o bom andamento das escolas. Além disso, até o presente momento, o município não sinalizou a sua contrapartida na questão de pagamento pelas horas suplementares trabalhadas. Ficou entendido que o referido Programa é um trabalho a parte e, portanto, deve ser remunerado em forma de hora extra.

Em tempo, a APLB Sindicato comunica também que, considerando as diversas tentativas junto ao Poder Público com o objetivo de solucionar os problemas relacionados as condições de trabalho e falta de estrutura, tais como quantidade insuficiente de carteiras, falta de funcionários de diversos setores, ausência de reformas das escolas, falta de suporte para funcionamento do Programa  Novo Mais Educação e que até o presente momento não se obteve respostas das referidas solicitações,  a categoria em Assembleia Geral, realizada no dia 26 do mês corrente, DELIBEROU a realização de uma PARALISAÇÃO com MOBILIZAÇÃO nas ESCOLAS, no dia 1º de junho, (quinta-feira), com a participação de toda a comunidade escolar.



Atenciosamente, 

Direção da APLB Sindicato Delegacia Costa Sul Eunápolis.

Por Ronaldo Oliveira - Secretário de Imprensa.



sexta-feira, 26 de maio de 2017

Presidente da CNTE faz balanço do #OcupaBrasília e fala em novas mobilizações (26/05/2017)


Heleno Araújo, Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - CNTE, fala aos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação sobre a importância da LUTA em defesa da Democracia e contra o governo golpista!!!

vídeo...


O povo não pode ser culpado pela desordem do país, mais ainda pela bagunça promovida por prepostos militares infiltrados a mando da direita para tumultuar uma pacífica manifestação



CTB: Culpar as centrais é mais uma tentativa de criminalizar e calar o movimento sindical.











A Advocacia-Geral da União (AGU) informou nesta quinta-feira (25) que aguarda um levantamento dos ministérios sobre os prejuízos causados durante a manifestação na Esplanada dos Ministérios contra o governo na quarta (24). Com esse cálculo, a AGU irá, "ajuizar ação que vai cobrar o ressarcimento aos cofres públicos contra os organizadores, ou seja, as centrais sindicais", diz comunicado oficial.

Em nota, o presidente da CTB, Adilson Araújo, afirmou que a atitude do governo "cheira a mais uma tentativa de amordaçar e criminalizar o movimento sindical brasileiro". Para Adilson, neste momento de profunda instabilidade política, seria melhor que a AGU buscasse cumprir o seu papel de ajudar o país a encontrar as soluções necessárias ao seu desenvolvimento e aprimoramento.

"Culpar a classe trabalhadora, que soube de forma consequente levar quase 200 mil manifestantes a Brasília para cobrar soluções para o país, defender a Previdência e a CLT contras os ataque do governo ilegítimo, é no mínimo uma insensatez", afirmou (leia nota na íntegra abaixo).

O Ocupe Brasília e a 9ª Marcha Trabalhadora realizaram uma manifestação histórica em Brasília ontem. Mais de 150 mil pessoas protestaram pacificamente contra o governo e um grupo de manifestantes quebrou vidraças de ministérios e ateou fogo em objetos.

Em resposta a este pequeno grupo, a polícia militar promoveu uma violenta repressão à manifestação como um todo e usou a cavalaria, bombas, gás de pimenta, balas de borracha e até arma de fogo. E depois, por decreto, convocou as Forças Armadas. Cerca de 50 pessoas ficaram feridas.

O povo não pode ser culpado pela desordem do país, mais ainda pela bagunça promovida por prepostos militares infiltrados a mando da direita para tumultuar uma pacífica manifestação.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, em pronunciamento hoje, anunciou a revogação do decreto baixado ontem, mas não deu qualquer satisfação sobre a desmedida violência utilizada pelas forças policiais contra a população, comprovada por uma centena de vídeos. 

Nota da CTB:

"Seria melhor que a AGU buscasse cumprir o seu papel de ajudar o país a encontrar as soluções necessárias ao desenvolvimento e aprimoramento do Estado Brasileiro. Sobretudo, neste momento de profunda instabilidade política e colapso econômico. Culpar a classe trabalhadora, que soube de forma consequente levar quase 200 mil manifestantes a Brasília para cobrar soluções para a profunda crise que o país atravessa, defender a Previdência e a CLT contras os ataques do governo ilegítimo, é no mínimo uma insensatez. O povo não pode ser culpado pela desordem do país, mais ainda pela bagunça promovida por prepostos militares infiltrados a mando da direita para tumultuar uma pacífica manifestação. Isso cheira a mais uma tentativa de amordaçar e criminalizar o movimento sindical brasileiro. Não nos calarão."

Adilson Araújo - Presidente Nacional da CTB


terça-feira, 16 de maio de 2017

MAIO DE LUTAS: VAMOS OCUPAR BRASÍLIA!!!


MAIO DE LUTAS: Dia 24 de maio Ocupe Brasília em defesa dos nossos direitos!



Atenção! A Frente Brasil Popular e demais organizadores do Maio de Lutas, alteraram a agenda da mobilização dos trabalhadores brasileiros em defesa dos direitos e contra as reformas do ilegítimo governo Temer. 

Portanto, a categoria deve desconsiderar a que foi publicada em nosso boletim de Nº 508 (da rede municipal de Salvador). Veja abaixo a agenda correta, que terá como ponto alto a Marcha Unificada das Centrais  em Brasília, o OCUPE BRASÍLIA, no dia 24 de maio. O ato será uma grande manifestação da classe trabalhadora, organizado pelas centrais sindicais e sindicatos filiados, e vai reunir trabalhadores de todo o Brasil rumo à capital federal para lutar contra as medidas regressivas de Temer.

A concentração será no estacionamento do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, a partir das 11h.  A previsão é a de que o ato político aconteça no final da tarde em frente ao Congresso Nacional.

Confira aqui a agenda do Maio de Lutas:

16 de maio – Blitz nos aeroportos em todo o Brasil, para pressionar os deputados a votar contra a PEC 287;

17 de maio – Blitz das centrais no Congresso Nacional, com vigília no Anexo 2 da Câmara dos Deputados;

24 de maio – Ocupe Brasília, Marcha Unificada das Centrais, com grande ato político em frente ao Congresso Nacional

Nenhum direito a menos! Fora Temer! Diretas Já!


Fonte: Portal da APLB

AGENDA DE LUTA: Encaminhamentos do Conselho Nacional de Entidades da CNTE


NENHUM DIREITO A MENOS!!!



Nos dias 11 e 12 de maio de 2017, realizou-se, em Curitiba/PR, na sede da APP-Sindicato, reunião do Conselho Nacional de Entidades – CNE da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE, que tem em sua composição conselheiros e conselheiras das entidades de base filiadas à CNTE. 

Após debate sobre a conjuntura nacional e a construção das pautas de ação e mobilização para o próximo período, o Conselho Nacional de Entidades – CNE da CNTE aprovou os seguintes encaminhamentos, com a agenda e o calendário de lutas, para o 1º semestre de 2017, além das definições das estratégias da entidade:

· Agenda/Calendário de luta

- 17 de maio – Dia nacional de debates nos locais de trabalho sobre os impactos das reformas da previdência e trabalhista sobre a população LGBT;

- 24 de maio – Ocupa Brasília, rumo à construção de uma nova Greve Geral da Classe Trabalhadora, com indicativo para a 1ª semana de junho;

- 07 de junho – Debate nacional sobre a privatização da educação básica brasileira, que vem se dando através da implementação da Basa Nacional Comum Curricular – BNCC, que está sendo discutida no âmbito do Conselho Nacional de Educação – CNE do MEC – Manaus/AM;

- 01 a 09 de junho – semana indicativa da Greve Geral da Classe Trabalhadora, de 1 ou 2 dias, a ser definido de forma conjunta com a CUT;

- 19 de junho – Reunião da Diretoria Executiva da CNTE;

- 20 e 21 de junho – Seminário Nacional sobre a Privatização da Educação Básica Pública brasileira, com a apresentação dos resultados da pesquisa sobre o assunto, encomendada pela CNTE ao DIAP, UnB e IE – Brasília/DF;

- 22 de junho – Reunião do Conselho Nacional de Entidades – CNE da CNTE.

· Estratégias de ação de curto prazo

- Manter a pressão sobre os parlamentares, de várias formas e em vários locais, de modo a tentar impedir a ida dos parlamentares a Brasília nos dias de votação das Reformas da Previdência e Trabalhista;

- Sair do Fórum Nacional de Educação – FNE, com ação de grande visibilidade, denunciando as ações autoritárias do MEC;

- Desenvolver a campanha contra a Reforma Trabalhista, de modo a explicitar e sensibilizar a base sobre os seus impactos no setor público;

- Mobilizar e divulgar o Plano Popular de Emergência da Frente Brasil Popular, que tem lançamento provável em 22 de maio;

- Produzir e divulgar carta dos educadores/as direcionada para diversos segmentos sociais;

- Preservar a unidade de ação com diferentes segmentos da sociedade;

- Não participar das audiências públicas convocadas pelo CNE/MEC sobre a BNCC, e promover, nas mesmas cidades e horários, atividades de debates sobre como a BNCC, proposta pelo governo, fomenta a privatização da educação básica pública no Brasil, de modo a esvaziar as atividades oficiais convocadas pelo MEC.

· Estratégias de ação de médio prazo

- Trabalhar na ampliação do leque de alianças com outros setores sindicais, sociais e populares;

- Interiorizar as ações da Frente Brasil Popular – FBP nos Estados;

- Promover ações no campo da comunicação social.

· Encaminhamentos de ordem prática

- Discutir o dia 24 de maio com a s Centrais Sindicais, em especial a CUT e as Frentes (FBP e FPSM), já que a definição é que a CNTE participe efetivamente desta atividade;

- Consolidar as informações das entidades de base filiadas a CNTE, por Estado, do quantitativo de educadores/as que vão a Brasília no dia 24/05;

- Acompanhar as deliberações da CUT e divulgar para as entidades filiadas;

- Produção de material específico para os profissionais da educação no local de trabalho, com a ajuda de produção dos sindicatos nos Estados;

- Estimular as atividades a serem realizadas no próprio Estado no dia 24/05;

- Pressão sobre os parlamentares em suas bases eleitorais, com produção de material específico para essa ação, com as fotos e o seu posicionamento nas votações das reformas.

Dessa forma, as definições aprovadas pelo CNE ratifica a posição de que o 1º semestre de 2017 deve ser integralmente dedicado à luta e às mobilizações sociais contra o governo golpista de Temer, de modo que as ações de planejamento das secretarias e dos coletivos da CNTE ficarão indicadas a serem realizadas somente no 2º semestre deste ano.

Brasília, 15 de maio de 2017
Direção Executiva da CNTE

Fonte: Portal da CNTE

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Desastre trabalhista: o que a reforma de Temer prepara para você



Em nota, departamento destaca principais prejuízos presentes na proposta que deve ser votada nesta semana



O Projeto de Lei (PL) 6.787 proposto pelo ilegítimo Michel Temer (PMDB) é sonho antigo dos empresários que financiaram o golpe. Ao derrubar as principais diretrizes que garantem condições mínimas de trabalho, o texto permite ampliar o lucro com base na ampliação da exploração do trabalhador.

Ponto como a abrangência do contrato por tempo parcial (de 25 horas para 30 horas semanais), o estabelecimento da prevalência do negociado sobre o legislado, a regulamentação da representação não sindical no local de trabalho em empresas com mais de 200 trabalhadores e a ampliação do prazo dos contratos de trabalho temporário (de três para seis meses) ajudam a deixar o empregado fragilizado diante do empregador.

Em nota técnica, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) destrincha o projeto em três grandes pontos: condições de trabalho, organização sindical e negociações coletivas e aponta que a aprovação da proposta representará sérios prejuízos à classe trabalhadora.

Clique aqui para ler o documento.

"Querem transformar a classe trabalhadora em mercadoria", afirma Adilson Araújo


"O sindicato é parte importante na formação social de um país."Adilson Araújo



“Imagine da noite para o dia um efeito tsunami, decorrente  de um governo que se instala e tenta acabar com tudo. Liquidar o país como se fosse um feirão de remarcações", avaliou o presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, em entrevista à jornalista Railídia Carvalho, do Portal Vermelho, ao fazer balanço de 1 ano desde a instalação da gestão Michel Temer, após o impeachment sem crime de responsabilidade da presidenta Dilma Rousseff.

#OcupeBrasília: Mobilizar a classe trabalhadora e barrar os ataques aos direitos
Durante a conversa, Adilson analisou a conjuntura nacional no contexto em que as reformas da Previdência e Trabalhista chegam à fases decisivas no Congresso Nacional. Ele vê com otimismo a unidade das principais centrais sindicais brasileiras e sente que a população vem aderindo aos movimentos anti-reformas. 

“A população começa a pensar: vou perder salário, direitos e nem vou me aposentar”. De outro lado, ele considera as centrais sindicais também estratégicas no debate de uma alternativa para o Brasil. 

“Fica evidente que depois desse ciclo de empoderamento é que a gente precisa ter um programa para o Brasil que permita uma transição mais avançada”. O sindicalista se refere aos anos em que o Brasil estava em ascendência e cita o patamar de crescimento chinês registrado em 2010: 7,5%. Naqueles anos o trabalhador tinha reajustes acima da inflação e aumento real. O desemprego era de 4.3%, longe da marca que país ostenta hoje com cerca de 14 milhões de desempregados. 

Confira a entrevista com o presidente da CTB

Vermelho: O golpe de 2016 foi do capital contra o trabalho?

Adilson Araújo: Eu confirmo que se consumou um golpe, em síntese um golpe do capital em essência contra o trabalho. Por que? O governo ilegítimo de Michel Temer ao tomar posse colocou a cabo a defesa de uma agenda, de um programa ultraliberal no qual se advoga o fim da Consolidação das Leis do Trabalho, o fim dos direitos previdenciários, com a terceirização generalizada e a desregulamentação do trabalho na sua totalidade.

Em 2016 a polarização se intensificou entre os que defendiam o resultado das urnas e a democracia e aqueles que defenderam o impeachment como se fosse a saída para o Brasil. Agora com o avanço das reformas, a classe trabalhadora começa a acordar?

Essa polarização deixou a classe trabalhadora atônita, ou seja, o trabalhador ainda é vítima da forte influência que é produzida pela imprensa burguesa, essa informação que entra nos lares das pessoas com muitos editoriais distorcendo tem um efeito sobre o trabalhador. Alguns demoram a acreditar mas outros acreditam à medida que a imprensa utiliza da máxima de repetir a mentira várias vezes, um expediente do fascismo. Muita coisa soou como verdade e então o trabalhador demandou um certo tempo mas agora começa a perceber porque vê que a agenda neoliberal chegou com todo esse intento de acabar com a CLT e a aposentadoria, por exemplo.

Você me disse que os anos 1940 foram marcantes para a proteção do trabalhador com a instituição do salário mínimo em 1940, a criação da justiça do trabalho em 1941 e a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) em 1943. A reforma trabalhista extingue esses direitos?

Essa cesta básica de direitos foi endossada na constituição cidadã de 1988 que atribuiu entre o seu arcabouço a garantia dos direitos sociais. Então o que se conquistou ali? Se sacramentou aquilo que seria o patamar razoável para uma negociação. A base da negociação se deu com a legislação. Quando se fala hoje negociado sobre o legislado, a negociação existe porque tem uma base. A base para a negociação é a CLT. É com a CLT que negociamos os nossos acordos e convenções coletivas. Diferente do negociado que a reforma quer implementar, o negociado sobre o legislado já existe mas não é para retroagir direitos, é para avançar ou, no mínimo, garantir o que está na lei. Hoje o trabalhador começa a enxergar que eles não querem acabar com a CLT para negociar direto comigo, eles querem acabar com a CLT para introduzir a livre negociação, a corda sempre vai partir do lado mais fraco. Porque é neste ambiente hostil de crise e instabilidade que vão com a reforma trabalhista querer tirar as férias, o 13º, a licença-maternidade, fracionar jornada, trabalhar como se trabalha no Japão, que tem livre negociação. Lá tem empresa que admite que o trabalhador tenha uma jornada de 15 horas por dia. O trabalhador já tem uma jornada de 6 horas, trabalha mais 15, trabalha 21h por dia, a pessoa vive ou vegeta? Isso tem provocado no Japão um fenômeno chamado Karoshi, que provoca a morte súbita dos trabalhadores.

As principais centrais sindicais brasileiras estiveram presentes nos grandes atos contra as reformas de Michel Temer e apesar da campanha midiática contra, a população tem recepcionado bem os atos. A anestesia da população em geral também passou? 

O efeito da anestesia vai passando e a melhor resposta que a gente poderia encontrar a gente passou a viver. O dia 8 de março com a luta das mulheres, o dia 15 que já possibilitou uma paralisação do metrô e dos ônibus, o dia 31 de março e o dia 28 da greve geral foi o ápice. As pessoas vão tomando conhecimento, se lutou muito. Nós levamos 488 anos para conquistar um Constituição. Essa constituição estabeleceu valores no campo econômico, social e política. É uma das mais avançadas do mundo. E ela se materializou dessa forma muito decorrente do atraso secular. Então nós começamos a desenhar um cenário com a política de valorização do salário mínimo, aumento real. Uma jornada de trabalho, instituída na Constituição, de 44 horas com uma pressão forte da sociedade para reduzir para 40 horas, que trazia a possibilidade de gerar mais 3 milhões de empregos. Junto a isso tem a garantia do 13º salário, do seguro saúde, das férias remuneradas.

A reforma da Previdência da maneira como se apresentar vai gerar um estado de calamidade no Brasil?

A previdência social é o maior programa de distribuição de renda do país. Compreende um tripé fundamental nesse que é o maior programa de distribuição de renda do país. A previdência social é esse empreendimento que alimenta no Brasil mais de 4 mil municípios. Imagine da noite para o dia um efeito tsunami. Decorrente de um golpe do capital contra o trabalho, de um governo ilegítimo que se instala e tenta acabar com tudo. Liquidar com tudo como se fosse um feirão das Casas Bahia. O povo começa a se dar conta que desse jeito não dá. O dia 28 de abril mostrou isso: o Brasil amanheceu parado muito decorrente de que o povo vai dando conta de que do jeito que está não dá pra ficar.

O governo de Michel Temer repete sem parar que a reforma trabalhista servirá para modernizar a CLT e trazer segurança jurídica às empresas. Como você avalia esse discurso?

O trabalhador não vai na justiça reclamar que tá doente. Ele vai na Justiça porque o patrão diz: ”vai reclamar na Justiça suas verbas rescisórias”. Sabe por quê? Porque é mais barato pra o patrão. Na Justiça, o patrão, que deve 100 mil propõe pagar 20% e a ai o trabalhador aceita porque precisa alimentar o filho, precisa levar um quilo de carne, feijão arroz, a lata de leite pra o filho. Então ele acaba submetido. E ai eles usam esse discurso. Quem precisa de segurança jurídica é o trabalhador. Modernização é precarizar as relações de trabalho? É permitir ambiente análogo à escravidão? É levar os trabalhadores à estafa? E subtrair direito? É aumentar jornada? É um estágio em que se alimenta o desejo de acabar com o direito constituído do trabalhador para transformar esse homem e essa mulher em uma mercadoria.

Quais as consequências da terceirização ilimitada que foi aprovada no Congresso e que agora virou lei sancionada porTemer?

A terceirização vai ser um prato fértil para a subcontratação. Imagine vocês que nos últimos dez anos nos casos de trabalho análogo a escravidão identificados 95% devem-se à subcontratações, ou seja, trabalho desprovido de direitos, regras e garantias, jornadas exaustivas, ambiente insalubre, péssimas condições de trabalho e adoecimento, o que se configura na chamada escravidão moderna. É um retrocesso tamanho, que não podemos conceber essa lógica. É isso que pretende a reforma trabalhista, o PL 4302 (sancionado por Temer) nivela por baixo. A tendência é que em curto espaço de tempo o trabalho da atividade-fim seja substituído por um trabalho precário e as consequências disso quais são? Empobrecimento do Estado porque perde em contribuição porque menos salário menos contribuição, com ambiente insalubre, trabalho precário, jornada exaustiva, adoecimento. Quem paga a conta? Vai para a Previdência. Aumenta-se o déficit da previdência. No fundo, no fundo as medidas do governo golpista pretendem também privatizar a previdência. 

O consultor do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), Marcos Verlaine, afirmou ao Portal Vermelho que o movimento sindical conseguiu traduzir a reforma da Previdência para a população com o mote “é o fim da aposentadoria”. Como você analisa esse tema na vida do trabalhador?

A previdência vem demandando maior calor e disposição da sociedade porque o sonho, o desejo de todos os que começaram cedo a labutar é a perspectiva de que um dia pudesse se aposentar de forma digna. Ninguém trabalha com a hipótese de se aposentar quando estiver doente. Até que se prove o contrário, incontestavelmente, a previdência é também a única forma que o trabalhador tem para fazer a sua poupança porque, via de regra, o trabalhador não tem a poupança, mas ele deposita na poupança previdência social. Primeiro pelo princípio da solidariedade, segundo porque ele pretende ter o direito de gozar esse benefício. Mas quando o governo aumenta idade mínima e o tempo de contribuição, se a gente levar em consideração a expectativa de vida, sobretudo no norte nordeste e nas periferias das grandes cidades, muita gente vai morrer sem se ter acesso à aposentadoria. E é lamentável que o governo faça a opção porque se o governo admite que em mais de 4 mil municípios o que se recebe da Previdência é algo maior que o fundo de participação dos municípios, a Previdência alimenta milhões de brasileiros. Então a reforma é um descalabro. É diante desse olhar que o povo começa a dizer: eu vou perder meu salário, meus direitos e não vou poder nem me aposentar? É fazer poupança para banqueiros porque quem mais vai se beneficiar da reforma são os ricos e o poder econômico.

O Valor Econômico fez um levantamento divulgado em março afirmando que em três anos da operação Lava Jato 740 mil postos de trabalho acabaram. Só no setor de óleo e gás foram 440 mil vagas. A Lava Jato e a política de Temer ajudaram a configurar esse quadro de desemprego no país?

A operação Lava Jato condenou o CNPJ, paralisou a indústria da construção civil, que durante 10 anos tinha participação de 14% em média no PIB nacional. Do dia pra noite as obras pararam. No período anterior, com know-how, capacidade tecnológica as empresas de produção nacional foram expandindo mercado lá fora e ajudaram o Brasil a crescer. Da noite para o dia se paralisa tudo e esse desemprego é muito decorrente disso. A indústria naval teve um boom nos anos 80, Fernando Henrique afundou, Lula recuperou daí vem a estagnação econômica. Se antes já tava difícil com Temer foi jogada uma ancora no mar. Paralisou geral. Hoje temos estaleiros que sofreram investimentos do BNDES, concessão de terrenos, financiamentos e que tiveram 70%, 80% das obras em funcionamento e que agora estão paralisados como o de São Roque de Paraguaçu (BA), EISA (RJ), muito por falta de uma política. Ai o governo Temer reduz a política de conteúdo local, a Petrobras passa a ser minoritária na exploração do Pré-sal. Isso tudo é uma fatia fértil para as empresas de capital estrangeiro Chevron, Texaco e Shell, que vão ingressar no mercado nacional e vão trazer equipamento de fora, mão de obra de fora.

A proposta de reforma trabalhista acaba com a contribuição sindical deliberadamente para enfraquecer o movimento social. Sem os sindicatos representando os trabalhadores está concedida a licença para violação de direitos?

O sindicato é parte importante na formação social de um país. Ou seja, a revolução industrial na Inglaterra sinalizou para um processo de constituição do sindicalismo que de alguma forma mudou as feições do mundo. É exatamente na possibilidade da construção de uma relação entre o capital e o trabalho que as nações cresceram e se empoderaram. É claro que do ponto de vista do capital, ter um canteiro de obra onde não tenha contraditório, nem questionamento é um tempero fértil para que prevaleçam a violação dos direitos, pouca ou nenhuma atenção para segurança e saúde do trabalho. Muitos empregadores tratam investimento em saúde e segurança como despesa. Isso faz com que o Brasil seja o 4º colocado no mundo em acidentes de trabalho e 2º no mundo em óbitos no ambiente de trabalho. Negar os sindicatos é também uma contribuição ao desequilíbrio social porque o sindicato é a voz direta do trabalhador frente à ofensiva do capital. É só o sindicato que vai contestar quando é descumprida uma norma orientadora, um direito individual ou coletivo. É o sindicato que vai celebrar acordo e impedir que a negociação anule aquilo que está na lei. O sindicato também é onde o trabalhador encontra o seu esteio para garantir o que está consagrado e legitimado.

Você afirmou que o Brasil precisa se dar conta do papel estratégico nos movimentos de resistência aos ataques contra direitos e citou a responsabilidade das centrais, artistas, intelectuais, sociedade organizada, partidos do campo democrático. De que forma as centrais sindicais contribuem nesse debate?

O tempo é de pressão e muita mobilização social sem negar o papel que deva ser permanente, que é a busca do diálogo e do entendimento. Há um bom tempo as centrais vem fazendo investidas dessa natureza. Foram diálogos com presidentes da câmara e do senado, presidente da comissão do trabalho, deputados, senadores. Todo esse movimento precisa ser feito e é necessário, porém é necessário que aquela chama que se viu ascender no dia 28 de abril na greve geral é primordial para os próximos passos. Diz o dito popular que depois da tempestade vem a bonança. Essa tempestade que o Brasil tá vivendo pode sinalizar para um tsunami e para que ele não chegue temos que resistir. É preciso nesta etapa todo o esforço do movimento sindical para barrar essa agenda, esse retrocesso. Em segundo lugar precisamos ser parte importante de uma nova alternativa para o país, a defesa das eleições diretas, a construção de uma frente ampla motivada por um debate nacional. Nós não podemos abrir mão de discutir com esse povo uma agenda nacional, uma agenda pra o brasil. Essa agenda precisa ganhar centralidade. Qual o Brasil que nós queremos? Acho que fica evidente que depois desse ciclo de empoderamento é que a gente precisa ter um programa para o Brasil que permita uma transição mais avançada. É preciso desenvolver forças produtivas, precisamos destinar atenção especial para as potencialidades advindas do Pré-sal. A gente sabe que muito desse ranço golpista tem a ver com as expectativas do Pré-Sal porque ali estava desenhada a possibilidade da pátria educadora, a possibilidade de grandes investimentos em obras de infraestrutura e um alicerce importante para a educação. Precisamos construir um Brasil soberano, que retome a sua capacidade de produção industrial e que possibilite a geração de empregos.

*Entrevista realizada pela jornalista do Portal Vermelho Railídia Carvalho.

Fonte: Portal da CTB

IMPORTANTE: CTB lança nova cartilha e reforça luta contra o fim das aposentadorias; baixe aqui



E completou: “O fatiamento da Previdência é parte de uma política para aumentar a concorrência entre as instituições privadas por recursos públicos e transformar os serviços sociais em mercadorias. Dito de outra forma, o que esse governo temerário quer é privatizar a Previdência”.


A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) lança nova cartilha e reforça a luta contra o desmonte da Previdência Social promovido pela gestão Michel Temer. Com o título, “Querem acabar com a sua aposentadoria”, a cartilha apresenta as principais perdas da classe trabalhadora caso a PEC 287 seja aprovada. 

“As medidas que essa gestão quer implementar se voltam contra a classe trabalhadora e têm por objetivo impor um retrocesso neoliberal, que transparece no projeto de reforma da Previdência Social que Temer tenta impor ao nosso povo”, avisou o presidente da CTB, Adilson Araújo.

Ele salienta que “as propostas de Temer já foram repudiadas pela maioria da sociedade. Elas ameaçam, sobretudo, o futuro da nossa juventude”. 

Baixe aqui:



Maior programa de distribuição de renda do Brasil

Na mesma linha, o secretário de Previdência, Aposentados e Pensionistas da CTB, Pascoal Carneiro, lembra que é a Previdência Social a responsável pela maior política de distribuição de renda do país.

“Ela [a Previdência] faz parte da Seguridade Social, que é compreendida como: direito à saúde, à previdência e à assistência social, questões essenciais para a melhoria da qualidade de vida de grande parte dos brasileiros e brasileiras”, ressaltou Carneiro.

Acompanhe especial da CTB sobre o desmonte da Previdência Social
Ele ainda lembrou que “a Seguridade Social foi uma conquista dos trabalhadores e das trabalhadoras quando da luta e mobilização pela elaboração da Constituição Federal de 1988. A Previdência contribui diretamente para reduzir as desigualdades sociais e é, em muitos municípios, um motor para a economia. Daí a centralidade de defendê-la”.

O discurso de Temer esconde a privatização

Em um ano, Temer promoveu um verdadeiro desmonte de políticas públicasimportantes para o país e no caso da Previdência ele começou extinguindo o Ministério da Previdência Social.

Carneiro avalia que “essa ofensiva, por exemplo, afeta em cheio a assistência social que perde seu sentido social e passa a obedecer a lógica de mercado. Do mesmo modo, a transferência do Conselho Nacional de Previdência Social, a DATAPREV e a PREVIC para o Ministério da Fazenda, deixa claro que a gestão Temer não quer outra coisa senão esquartejar o sistema”.

E completou: “O fatiamento da Previdência é parte de uma política para aumentar a concorrência entre as instituições privadas por recursos públicos e transformar os serviços sociais em mercadorias. Dito de outra forma, o que esse governo temerário quer é privatizar a Previdência”.

Para fazer download da Cartilha e saiba o que você pode perder com "reforma" da Previdência de Temer.

Fonte: Portal CTB

ENTENDA: Nota explicativa sobre a reforma trabalhista

A proposta de Reforma Trabalhista é um verdadeiro ataque ao Direito do Trabalho no Brasil! Ao listar a modificação de cerca de 200 artigos da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, ela corrompe completamente o arcabouço de proteção social que vigora no Brasil há mais de 70 anos, subvertendo a proteção social do trabalho.



A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE vem a público manifestar o seu repúdio ao Projeto de Lei nº 6.787/2016, de autoria do Poder Executivo, aprovado pela Câmara dos Deputados no último dia 26 de abril de 2017, na forma do substitutivo apresentado pelo relator Deputado Rogério Marinho no âmbito da Comissão Especial criada para proferir parecer de mérito sobre a referida matéria. Essa proposição legislativa já foi enviada ao Senado Federal para apreciação e, nesta Casa, recebeu a denominação de PLC nº 38 de 2017. Encontra-se atualmente na Comissão de Assuntos Econômicos sob a relatoria do Senador Ricardo Ferraço.

A proposta de Reforma Trabalhista é um verdadeiro ataque ao Direito do Trabalho no Brasil! Ao listar a modificação de cerca de 200 artigos da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, ela corrompe completamente o arcabouço de proteção social que vigora no Brasil há mais de 70 anos, subvertendo a proteção social do trabalho. E esse objetivo ficou escancarado quando o site jornalístico inglês The Intercept denunciou que mais de 30% das emendas aceitas pelo relator e aprovadas na Câmara dos Deputados foram redigidas diretamente pelas confederações patronais brasileiras, expondo que a proposta de desmonte da proteção social do trabalho no Brasil vem para atender tão somente os interesses do capital. Estarrecedor como, nesse caso em particular, fica evidenciado que o Congresso Nacional brasileiro está totalmente capturado pelos interesses dos empregadores e, de forma acintosa, contrário aos direitos da grande maioria trabalhadora do país.

Aqui não se pretende esgotar a análise de todo esse desmonte do Direito do Trabalho no Brasil, na medida em que as alterações propostas, que agora serão apreciadas pelos senadores, tratam de questões afetas, dentre outras coisas, de alterações no processo de tramitação de ações na Justiça do Trabalho. Esses pontos de ordem jurídica, propriamente, serão avaliados em outra oportunidade. O que se pretende aqui, de uma maneira geral, é esmiuçar as alterações propostas no campo das relações de trabalho e seus impactos no direito sindical. As questões relativas ao direito processual do trabalho, que também são orientadas no sentido de diminuição de direitos dos trabalhadores e facilitação e ampliação da liberdade de ação dos empregadores, serão objeto de análise mais pormenorizada da assessoria jurídica da CNTE, em que pese não ser desejável a dissociação entre o direito material e o processual nas relações de trabalho.

· Relações de trabalho só para o patrão

O principal compromisso do Direito do Trabalho, e seu princípio norteador, é a proteção da parte mais fraca das relações de trabalho, que é o trabalhador. A ideia balizadora da proteção social do trabalho sempre foi a de estabelecer um conjunto mínimo de regras e normas que permitisse que, ao ser explorado pelo capital, o trabalhador pudesse minimamente contar com algum grau de proteção. Daí porque as maiores conquistas desse arcabouço de proteção vêm da própria força organizada dos trabalhadores, e isso se deu no mundo inteiro e também no Brasil.

A proposta legislativa de Reforma Trabalhista aprovada na Câmara dos Deputados diminui a proteção legal e normativa assegurada aos trabalhadores e aumenta as garantias dos empregadores/empresas nas relações de trabalho. Ou seja, aprofunda as diferenças de poder entre capital e trabalho, favorecendo sempre o primeiro. Ao longo do projeto, essa diminuição da proteção ao trabalhador, e o consequente majoramento das prerrogativas dos empregadores, é explicitamente colocado, sem nenhum pudor, em várias propostas de alteração da norma atualmente em vigor.

A mais extravagante das alterações, por exemplo, é a redefinição do conceito de empregador, que tem o intuito claro de liberar a fraude nas relações jurídicas de trabalho. Empresas do mesmo proprietário serão, agora, desresponsabilizadas por seus débitos trabalhistas e previdenciários que, porventura, qualquer uma delas possa ter. É a instituição definitiva dos “sócios laranjas” para dificultar a recuperação de débitos.

Outra questão estarrecedora é a ampliação de contratos de trabalho atípicos e de trabalho autônomo, regulamentando o teletrabalho e o trabalho intermitente, por exemplo. Essas duas modalidades põem fim, por exemplo, a uma luta dos trabalhadores ainda do século XIX, que é o descanso semanal remunerado. Agora, se aprovada essa barbaridade, o trabalhador exercerá o seu labor apenas nas horas contratadas pelo empregador, já que o período de inatividade não será considerado tempo de trabalho à disposição do empregador. Já o teletrabalho desresponsabiliza completamente qualquer espécie de vínculo entre empregado e empregador.

Mas essa alteração não fica pra trás de outra sugestão proposta nesse arremedo de Reforma altamente maléfica para o conjunto dos trabalhadores: a proposta de Reforma Trabalhista prevê contratos individuais de trabalho acordados de forma tácita, firmados verbalmente, por prazo indeterminado, para prestação de trabalho intermitente (!!!!). É a “lei da selva” agora no texto da lei.

Por fim, mas não menos trágico, a proposta de Reforma Trabalhista praticamente interdita o acesso do trabalhador portador de diploma de nível superior, que tenha rendimento igual ou superior a duas vezes o teto da Previdência Social (que hoje representa R$ 11.062,62) à Justiça do Trabalho, já que o libera da exigência de firmar suas condições de trabalho em acordo coletivo.

· Enfraquecimento dos sindicatos

A proposta apresentada afronta os princípios da liberdade e autonomia sindicais e, ao contrário, agride e contraria frontalmente disposições e recomendações da Organização Internacional do Trabalho – OIT.

Ao contrário do que se possa supor, a prevalência do negociado sobre o legislado é a completa destruição da base coletiva que funda e orienta o próprio Direito do Trabalho: os acordos ou convenções coletivas poderão se sobrepor à lei, por exemplo, nos seguintes pontos abaixo listados, dentre outros:

- Jornadas de trabalho, observados os limites constitucionais;

- Banco de horas;

- Intervalo intrajornada;

- Adesão ao Programa Seguro-Emprego;

- Representação dos trabalhadores no local de trabalho;

- Teletrabalho, regime de sobreaviso e trabalho intermitente;

- Troca de dia de feriado;

- Enquadramento do grau de insalubridade;

- Participação nos lucros e resultados das empresas – PLR;

- Prorrogação de jornadas em ambientes insalubres.

Essa ampla gama de possibilidades de negociação direta dos trabalhadores de uma empresa com o seu empregador, além de reduzir as garantias institucionais dos sindicatos e do Estado no âmbito das relações de trabalho, fragmenta as negociações coletivas ao fomentar as negociações por empresas. Fortalece o poder de negociação dos patrões e anula sobremaneira a força do trabalhador.

Outros importantes aspectos atacados nessa Reforma Trabalhista referem-se à diminuição do papel e da força do sindicato nas negociações: a representação por local de trabalho não precisa mais ser vinculada ao sindicato, podendo ser exercida por comissões nas empresas e locais de trabalho – essas comissões passam a exercer o papel dos sindicatos, na prática; qualquer espécie de contribuição sindical deverá ser expressamente autorizada pelo trabalhador – trata-se do fim do imposto sindical obrigatório sem nenhuma negociação com as entidades sindicais – ou seja: é um reforma sindical no âmbito da reforma trabalhista, feita para enfraquecer os sindicatos; na homologação da rescisão dos contratos de trabalho com mais de um ano de duração, não será mais necessária obrigatoriamente a presença do sindicato, bastando, agora, só a anuência da comissão ou do representante dos empregados; e, por fim, o PL prevê que a demissão coletiva possa ocorrer sem prévio aviso ao sindicato e tampouco formalização em acordo ou convenção coletiva.

Essa proposta de Reforma Trabalhista deixa o trabalhador absolutamente refém de seu empregador, sob seu total arbítrio: impõe o negociado sobre o legislado, fomentando acordos individuais; ataca a sustentação financeira das entidades sindicais, de modo a enfraquecê-las e, até, tornar insustentável a sua atividade; e incentiva a atomização dos trabalhadores que, em regime de terceirização, teletrabalho e trabalho intermitente, fragiliza sua ação sindical e pulveriza as suas possibilidades de enfrentamento com os empregadores.

· Fim tácito da Justiça do Trabalho

Os trabalhadores sempre lutaram por uma Justiça do Trabalho que seja promotora de condições mais igualitárias nas relações de trabalho. E a Reforma Trabalhista proposta pelo governo golpista ataca a Justiça do Trabalho naquilo que lhe é mais caro: a conciliação como promoção da pacificação do litígio.

Essa proposta de reforma, no entanto, esvazia as atribuições da Justiça do Trabalho e impõe muitas dificuldades para acessá-la, especialmente por parte dos trabalhadores, chegando ao cúmulo de cobrar multas abusivas aos empregados que, no texto da lei, agirem como “litigantes de má-fé” e impor custas judiciais ao empregado que faltar a alguma audiência, mas poupar e dar garantias ao empregador que fizer o mesmo.

O projeto incentiva a conciliação a qualquer custo, praticamente retirando a Justiça do Trabalho de qualquer esforço de arbitragem entre as partes. Os parâmetros da conciliação ficam, agora, a cargo da livre negociação entre trabalhador e empregador, como se iguais estivessem nas relações de poder. Retira, ao fim e ao cabo, o Estado – na figura da Justiça do Trabalho – do cenário de resolução dos conflitos sociais e laborais.

O acesso à Justiça do Trabalho passa a ser extremamente dificultado porque prevê a cobrança de perícias e restringe o acesso gratuito a ela. E é justamente nesse ambiente que as normas fundamentais de proteção ao trabalho encontram espaço para serem exigidas pela parte mais fraca da relação de trabalho. A supressão desse espaço significa, na prática, retirar dos trabalhadores a possibilidade de exercício e respeito às normas inscritas em nossa Constituição Cidadã.

· Impactos no setor público e, em especial, para os trabalhadores em educação

A proposta de Reforma Trabalhista em apreciação, agora, no Senado Federal, também atinge com muita força os trabalhadores do setor público e, em especial, os trabalhadores da educação. O aspecto mais nocivo aos educadores advém justamente de uma parte da reforma que já foi aprovada: a nova lei da terceirização foi o pontapé inicial dessa reforma.

Junto com o trabalho intermitente, essa nova modalidade de contrato de trabalho proposta no texto da reforma possibilita a contratação de professores e funcionários horistas (e por meio de Organizações Sociais), pondo em risco, seriamente, a conquista histórica de admissão desses profissionais por meio de concursos públicos.

No caso do magistério, por exemplo, os/as professores/as poderão ser contratados/as para cumprir somente as suas horas-aulas. Isso quer dizer que os gestores públicos poderão lançar mão desse tipo de contratação de professores/as para não criar vínculos com esses profissionais nos Estados e municípios, de modo que suas atividades se restrinjam somente às atividades em sala de aula e por período atrelado estritamente ao calendário escolar.

Os argumentos para esse novo tipo de contratação de profissionais do magistério já estão prontos para serem aplicados: os impactos dos gastos com o pessoal da educação na folha de pagamento dos Estados e municípios, junto com a Lei de Responsabilidade Fiscal, serão usados para consolidar a base “técnica” de justificação para precarizar as relações de trabalho na educação.

A imposição desse tipo de contratação virá junto com o fim de diversos direitos dos trabalhadores: 13º salário, férias e planos de carreira poderão ser os primeiros a ficar no passado. Ademais, a hora-atividade (extraclasse) e o piso remuneratório nacional também correm riscos no cenário de contratos intermitentes, visto que será possível contratar professores/as com remuneração abaixo do piso profissional, ainda que mantida a proporcionalidade à referência nacional hoje de R$ 2.298,80.

Portanto, é imperativo que os educadores/as brasileiros/as se mobilizem de forma contundente e radical para barrar esse cenário catastrófico, que põe por terra direitos arduamente conquistados.

· Considerações finais de um desmonte

É incrível como não há nada de positivo nesse arremedo de projeto de Reforma Trabalhista. Nenhum direito é criado ou fortalecido para o trabalhador. O que se vê no projeto é a total destruição do Direito do Trabalho no Brasil, sob a encomenda dos empregadores, patrocinada por um governo ilegítimo que se presta tão-somente a pagar a fatura dos setores empresariais brasileiros que patrocinaram o golpe de 2016 contra a democracia os direitos da classe trabalhadora.

Trata-se de um desmanche completo dos direitos trabalhistas e da Justiça do Trabalho, e de surpresa, destrói ainda a sustentação financeira das entidades sindicais de trabalhadores, as únicas que podem, de alguma maneira, fazer o enfrentamento a esse desmonte. É um movimento de destruição que sequer foi ousado ser feito pelos governos militares da época da ditadura civil-militar pela qual o país passou de 1964 a 1985.

Diante desse descalabro, os/as educadores/as brasileiros/as cerram fileiras junto aos amplos e expressivos segmentos sociais atingidos por esse saco de maldades, especialmente os mais pobres e desguarnecidos do ainda incipiente estado de proteção social, e todo o seu arcabouço jurídico, ainda existente no país, fruto de muita luta de seus trabalhadores. É evidente que os parlamentares e o governo golpista que estão a promover tal atrocidade cometem um verdadeiro crime de lesa-pátria e devem ser cobrados por isso.

Brasília, 10 de maio de 2017
Diretoria Executiva da CNTE

Fonte: Portal da CNTE

ENTENDA: Nota sobre as principais mudanças propostas no parecer da PEC 287 (reforma da Previdência)

Neste momento, a PEC 287/16 está pronta para ser votada no plenário da Câmara, porém o governo ainda não conta com os 308 votos necessários e, por isso, tem atuado explicitamente no sentido de cooptar (leia-se: comprar) deputados para poder aprovar a matéria.



No último dia 9 de maio, a Comissão Especial da Câmara dos Deputados, encarregada em analisar previamente a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 287/16, finalizou o processo de votação dos destaques apresentados pelos parlamentares ao substitutivo do relator que havia sido aprovado em 3 de maio. O único destaque acolhido pela Comissão devolve à Justiça estadual a competência para julgar casos relacionados a acidentes de trabalho e aposentadoria por invalidez. Os demais foram recusados.

Neste momento, a PEC 287/16 está pronta para ser votada no plenário da Câmara, porém o governo ainda não conta com os 308 votos necessários e, por isso, tem atuado explicitamente no sentido de cooptar (leia-se: comprar) deputados para poder aprovar a matéria.

Diante desse cenário ainda de incertezas para o governo golpista, a votação final da PEC 287 na Câmara dos Deputados está previamente agendada para o fim do mês de maio (entre os dias 24 e 31). E a pressão social sobre os parlamentares é fundamental para se tentar reverter os prejuízos que essa reforma da Previdência trará para a classe trabalhadora, em especial para as mulheres e servidores públicos.

O substitutivo que será votado no plenário da Câmara alterou alguns pontos da proposta original do governo, mas nem por isso pode-se dizer que houve melhorias.

Seguem os comentários sobre alguns pontos do atual estágio da PEC 287, em comparação com o texto original apresentado pelo governo em 5 de dezembro de 2016.

Integralidade e Paridade

Embora seja difícil dizer se houve melhora ou piora neste ponto do substitutivo em relação à proposta do governo, fato é que o acesso à integralidade e à paridade de vencimentos ficou mais difícil nas regras atuais.

Pela proposta original da PEC 287, apenas quem estivesse na regra de transição (homem com 50 anos ou mais e mulher com 45 anos ou mais) e que tivesse ingressado no serviço público até 31/12/03 teria direito a essas regras, após cumprir as idades mínimas de 60 anos homem e 55 anos mulher e o tempo de contribuição com pedágio de 50% sobre o período que faltava para se aposentar. A paridade e a integralidade seriam extintas para todos que estivessem fora da regra de transição.

O substitutivo do relator, por sua vez, estendeu o direito à integralidade e à paridade a todos os servidores ingressos no serviço público até 31/12/03, porém, para tanto, será preciso atingir a idade mínima de 65 anos (homem) e 62 anos (mulher), além de cumprir o tempo de contribuição com pedágio de 30% sobre o que falta para se aposentar.

Em suma: para quem estava dentro da regra de transição, houve perda porque a integralidade e a paridade poderiam ser alcançadas num menor tempo. Pela nova regra do substitutivo, o direito é mantido para todos, porém com idade maior.

No caso do magistério, a regra do substitutivo da Câmara prevê a paridade e a integralidade aos profissionais “em efetivo exercício”, à luz da Lei 11.301, combinada com a ADI 3.772-STF, que ingressaram em cargo efetivo até 31/12/03 e atingirem a idade mínima de 60 anos (homem e mulher), respeitado o tempo de contribuição que resta com acréscimo (pedágio) de 30%.

Aposentadoria do Magistério (mantidas regras diferenciadas)

A proposta do Executivo eliminava a diminuição da idade e do tempo de contribuição de 5 (cinco) anos para os/as professores/as em efetivo exercício no magistério em relação aos demais servidores públicos e trabalhadores da iniciativa privada (para esses últimos, a redução se dava apenas no tempo de contribuição, pois a CF-1988 não exigia idade mínima para a aposentadoria no RGPS-INSS). Apenas os/as professores/as efetivos/as que estivessem na regra de transição manteriam o direito à aposentadoria especial, acrescido o pedágio de 50% sobre o tempo restante de contribuição e cumprida as idades mínimas para a aposentadoria (55 anos homem e 50 anos mulher).

O substitutivo do relator reintroduz a diferenciação de regras para a aposentadoria de professores/as em efetivo exercício que atuam na educação básica, pública e privada, contemplando também os futuros profissionais, porém a jubilação ocorrerá aos 60 anos de idade combinado com 25 anos de contribuição, para ambos os sexos (regra geral). Além disso, é preciso cumprir 20 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 anos no cargo.

Regra de transição para o magistério em efetivo exercício: professores e professoras poderão se aposentar com 55 anos (homem) e 50 anos (mulher), combinado com o tempo de contribuição de 30 e 25 anos, respectivamente, acrescido o pedágio de 30% sobre o tempo que resta para a aposentadoria. Já o cálculo do benefício poderá se pautar na integralidade e na paridade (conforme descrito no tópico anterior, ou seja, atingindo 60 anos de idade homem e mulher), ou em 100% da média dos salários de contribuição para quem ingressou até 31/12/03, mas que não tenha alcançado a idade de 60 anos ou ainda pela nova regra geral que será de 70% do salário de contribuição mais os percentuais de progressividade. Exige-se, também, 20 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 anos no cargo.

Regra de transição geral

Os servidores públicos já ingressos em regimes previdenciários e que não contam com aposentadorias especiais (exemplo: funcionários da educação), estarão submetidos às seguintes regras para se aposentarem:

55 anos de idade, se mulher, e 60 anos de idade, se homem, devendo essas idades mínimas serem majoradas em 1 ano a cada dois anos a partir da promulgação da reforma previdenciária (PEC 287). OBS: essa regra de aumento progressivo da idade mínima para a aposentadoria aplica-se também aos profissionais do magistério;
Tempo de contribuição de 30 anos para as mulheres e 35 anos para os homens;
20 anos de efetivo exercício no serviço público e 5 anos no cargo;
Adicional de 30% (pedágio) sobre o tempo de contribuição que resta para a aposentadoria.

Novas regras (gerais) para a aposentadoria e a pensão

Tanto a proposta do governo como o substitutivo da Comissão Especial unificam as regras de aposentadoria e pensão para os servidores públicos e os empregados do RGPS-INSS.

A proposta original de reforma fixava em 65 anos de idade e em 49 anos de contribuição os limites para a aposentadoria de ambos os sexos para se ter direito a 100% do salário de contribuição. No substitutivo da Comissão Especial da Câmara, o tempo mínimo de contribuição ficou mantido em 25 anos, sem os quais não se poderá ter acesso à aposentadoria proporcional. Já a idade para os homens se aposentarem se manteve em 65 anos e para as mulheres foi reduzida para 62 anos. Para ter direito a 100% dos rendimentos, será preciso contribuir por 40 anos (ao contrário dos 49 anos iniciais). No entanto, o cálculo desse quesito, “na ponta do lápis”, indica que esse tempo será de 41 anos. Eis o que diz o substitutivo da Comissão Especial da Câmara:

25 anos de contribuição = 70% da média do salário de contribuição
Até 30 anos de contribuição = 75% da média do salário de contribuição
Até 35 anos de contribuição = 85% da média do salário de contribuição
A partir do 36º ano de contribuição, acréscimo de 2,5% na média dos rendimentos de contribuição a cada ano trabalhado. Portanto, entre o 36º e 40º ano de contribuição, o beneficiário terá acumulado 12,5% na média contributiva (2,5 * 5 anos), o que perfaz um total de 97,5% do salário de contribuição (85% + 12,5% = 97,5%). Restaria, assim, mais 1 ano para completar os 100%.

Com relação às pensões, a proposta original vedava o acúmulo de aposentadoria e pensão. Os/As professores/as poderiam acumular mais de uma aposentadoria, porém não mais a pensão. Era necessário escolher entre uma e outra. Na proposta atual do substitutivo, é admitido o acúmulo de aposentadorias e pensões até o valor de dois salários mínimos. Acima disso, é preciso escolher um dos benefícios. Para o magistério, continua a possibilidade de acúmulo de aposentadorias, mas a pensão com a aposentadoria entra na regra geral de dois salários mínimos. Ambas as propostas preservam os direitos adquiridos.

Quanto ao cálculo das pensões, não houve alteração entre a proposta original e a atual. Ele se baseará em 50% da média das contribuições + 10% por dependente.

Cálculo do valor da aposentadoria e reajustes dos benefícios

Para os servidores que ingressaram até 31/12/03 e atingiram 65 anos de idade (homem) e 62 anos (mulher), sendo que no caso dos/as professores/as a idade para a paridade e integralidade é de 60 anos para homens e mulheres, considerar-se-á o último vencimento no exercício da profissão, observadas as regras das reformas anteriores.

Também para quem ingressou no serviço público até 31/12/03, mas não atingiu as idades descritas acima, o benefício será calculado sobre 100% dos salários de contribuição e o reajuste se dará pela regra do RGPS-INSS.

Para os que ingressaram após a “data de corte”, aplicar-se-á as regras do novo regime previdenciário (70% do salário de contribuição aos 25 anos (+) os percentuais a cada ano complementar de trabalho).

O substitutivo também determina que o teto do INSS só será aplicado aos servidores que estejam submetidos a regimes de previdência complementar, e, para tanto, estipula prazo de 2 anos para que os estados, DF e municípios criem seus regimes complementares para os servidores públicos por meio de licitação (privatização).

Outros pontos importantes

O substitutivo do relator transfere para lei ordinária a competência para se definir a composição da média dos salários de contribuição, a forma de cálculo dos benefícios e as futuras idades mínimas para a aposentadoria (com base na média estipulada pelo IBGE), tornando extremamente vulneráveis essas regras essenciais para se garantir o direito à aposentadoria.

Os estados, DF e municípios que possuem regimes próprios de previdência poderão aprovar, com base em suas capacidades fiscais, regras mais “generosas” para seus servidores, tendo a PEC 287/16 como referência de piso.

A análise completa dos quesitos da reforma da previdência será feita, em breve, em material especial da CNTE.

Curitiba, 12 de maio de 2017

Fonte: Portal da CNTE