domingo, 23 de julho de 2017

No ato da Paulista, centrais, movimentos e partidos reafirmaram apoio a Lula e às bandeiras sociais

"O problema deste país não é o Lula, é o golpe", disse o ex-presidente, logo de saída, arrancando aplausos. "A gente tem que se preocupar nesse momento é com o que está acontecendo com o país e o povo brasileiro". LULA



O ato de apoio ao ex-presidente Lula celebrado nesta quinta-feira (20) em São Paulo foi uma nova oportunidade para que a militância progressista pudesse reafirmar seu compromisso com a campanha das Diretas Já e seu repúdio às reformas de Michel Temer. Falando para mais de 10 mil pessoas, líderes de partidos de esquerda, centrais sindicais e movimentos sociais se alternaram ao microfone.

O tom geral dos discursos foi de repúdio ao juiz federal Sergio Moro, que condenou o ex-presidente Lula mesmo na ausência de provas. Outras pautas recorrentes foram a denúncia das Reformas Trabalhista e da Previdência, o pedido pela anulação do impeachment de Dilma Rousseff e a chamada de eleições diretas gerais. Alguns dos manifestantes homenagearam também a esposa falecida de Lula, Marisa Letícia, e Marco Aurélio Garcia, assessor especial para Assuntos Internacionais dos governos Lula e Dilma que falecera na própria quinta-feira.

Dentre as centrais sindicais que participaram, Intersindical, Nova Central, CTB e CUT manifestaram apoio a Lula, além de dezenas de sindicatos. Entre os movimentos sociais, Facesp, Marcha Mundial das Mulheres, UNE, MTST e MST deram posição similar, assim como os partidos PT, PCdoB e PCO.

Na mesma linha falaram Edson Carneiro Índio, da Intersindical, e Luiz Gonçalves (Luizinho), presidente da Nova Central-SP. Para Índio, “remover Lula das eleições é parte do mesmo golpe que aprovou a Reforma Trabalhista, que afastou a presidenta Dilma, que fez passar a Emenda 95”. Ele afirmou que “a hora é de unir forças para impedir que os golpistas deem mais esse passo”. Já Luizinho foi mais crítico da estratégia de Lula quanto às alianças: “Nós estamos aqui hoje porque acreditamos que o Lula é o caminho para a recuperação. Queremos Fora Temer, eleição direta, mas queremos que Lula volte com companhias melhores, com aliados mais preocupados com os direitos dos trabalhadores e sem golpistas”.

O discurso de Lula

Lula fez a última fala do dia, e durante meia hora teceu comentários sobre a condenação sem provas que sofreu da Operação Lava Jato, e do golpe que atravessou a democracia brasileira. 

"O problema deste país não é o Lula, é o golpe", disse o ex-presidente, logo de saída, arrancando aplausos. "A gente tem que se preocupar nesse momento é com o que está acontecendo com o país e o povo brasileiro".

A maior parte do discurso de Lula foi voltada à tragédia das reformas de Michel Temer, que “não apita nada” e “está sem credibilidade”. “Se o Temer ainda tivesse algum respeito pelo Brasil, se fosse responsável, já teria renunciado”, disse. Ele rememorou os avanços que trouxe ao país em seu período de presidência, e lamentou que o governo atual esteja tão envolvido em corrupção. “O Temer só tem 3% [de aprovação]. É menos que a margem de erro das pesquisas", falou em tom de provocação.

Para Lula, a motivação indizível por trás da perseguição política que vem sofrendo está no fato de ele ter propiciado grande ascensão social às classes pobres brasileiras. "Talvez o que mate eles de ódio é saber que uma empregada doméstica tem direito a um salário mínimo e férias, que o cara que trabalha como jardineiro pode comprar um carro. O que incomoda algumas pessoas nesse país é saber que os de baixo podem subir um degrau na escada social desse país. O que incomoda é vocês terem aprendido a conquistar direitos".

Manifestações das lideranças

Marianna Dias, nova presidenta da UNE, complementou: “A nossa resposta para o autoritarismo de condenar um ex-presidente sem provas é ir às ruas e exigir justiça. Este não é um país de traidores, aqui tem jovem, estudante, povo pobre e gente disposta a defender a soberania deste país. O Brasil não pode ser governado pelo Judiciário, nem permitir o retorno de um Estado de Exceção”.

A presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo, Maria Izabel Azevedo Noronha falou de forma similar: “Condenar o presidente Lula já é um ataque à democracia. Condenar o presidente Lula é condenar todos os professores, todos os estudantes, todas as escolas. Nós não vamos nos curvar diante desse juizeco, desse desmando autoritário. Nós não vamos aceitar, porque eleicao sem Lula não é eleição, é fraude”.


A representante da Marcha Mundial das Mulheres, Sara, reafirmou a posição dos movimentos feministas junto ao ex-presidente. Ela aproveitou a ocasião para convidar os manifestantes aos atos do dia 25 de julho, quando se comemora o Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha.

Já o coordenador-geral do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, focou sua fala nos efeitos negativos do governo Temer, e criticou a falta de legitimidade de seu mandato. “Nós estamos aqui hoje para defender a democracia. Uma democracia tão golpeada, tão maltratada quanto a democracia brasileira. Nós temos um governo ilegítimo, que não foi eleito, e que a briga uma agenda que também não foi eleita. Nem sequer a ditadura militar, em seus 20 anos, botou suas garras na CLT, e o Temer em apenas um fez sua reforma trabalhista! Mas tirar Temer pra botar outro Temer, nós vamos dizer não! Se o Temer cai e amanhã vem o Maia, será fora Maia, e qualquer outro que vier. Nós queremos eleições diretas, que mostrem a vontade do povo”. Ele homenageou ainda o catador de papel Ricardo Nascimento, morto pela PM de São Paulo nesta semana.

O presidente do PCdoB municipal de São Paulo, também teve a oportunidade de se manifestar. Ele refletiu sobre a necessidade de união das esquerdas sob a possibilidade de criminalização dos líderes políticos, e disse que “o PCdoB está unido no Brasil inteiro em defesa da causa da justiça para o presidente Lula”. “Esta é uma causa com dezenas de milhões de apoiadores, e o nosso papel é unir, mobilizar, trazer para as ruas, e nesse processo nós conseguiremos unir outras pessoas para criar um movimento invencível em defesa de um projeto de desenvolvimento. Precisamos unir forças para impedir o golpe, é necessário, indispensável realizar novas eleições gerais, e anular a perseguição ao presidente Lula e defender a democracia. Aonde tiver um militante do PCdoB, que ouça nossa voz!”, conclamou.

O presidente da CUT, vagner Freitas, foi um dos últimos a discursar. Ele propôs à militância fazer uma nova caravana a Curitiba em setembro, quando Lula fará novo depoimento como réu de uma das acusações da Lava Jato.

Por Renato Bazan 

Fonte: Portal CTB

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