terça-feira, 7 de junho de 2016

Professores contam como estupro é debatido em sala de aula

 “Se você não tem um profissional de educação com uma cabeça bem trabalhada para essas questões, que tipo de educação vai passar para essas crianças?”. Souza.



O estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro contra uma adolescente de 16 anos, em 21 de maio, reacendeu a discussão sobre a violência sexual contra a mulher. Temas como gênero, machismo e questões culturais e comportamentais da sociedade foram levados para as salas de aula.

O G1 ouviu oito professores, de português, história e biologia, para saber o que eles pensam a respeito e como trabalham essas questões nas escolas.

A mulher na literatura

Flávia Aparecida da Silva leciona língua portuguesa no ensino estadual e municipal de Itumbiara, no interior de Goiás. Ela acredita que são iniciativas individuais dos professores que podem suscitar reflexões e debates sobre a cultura do estupro em sala de aula. “Quando o assunto surge, não vejo como perda de tempo. É uma discussão social, ética, moral. A escola precisa abraçar essas questões, sim. Piadas sexistas, por exemplo, já motivam uma conversa”, diz. “Minhas alunas se interessaram pelo que ocorreu no Rio de Janeiro. Elas têm de 15 a 17 anos, vivem em uma cidade em que casos como esse são abafados”, diz.

Quanto ao conteúdo da disciplina, Flávia analisa com seus alunos obras da literatura brasileira para entender a forma como a mulher é vista em diferentes épocas. “Já discuti com eles sobre as personagens de José de Alencar, em Senhora, Diva e Lucíola, mostro qual o papel delas no século XIX e comparo com nossos tempos atuais”, diz.




























Trote feminista

Larissa Vieira, professora de biologia de uma escola estadual na zona oeste de São Paulo, já fez intervenções em sala de aula depois de vivenciar casos de assédio. “Meninos comentaram comigo do meu corpo. E devem ter feito o mesmo com outras alunas. Parei a aula, fiz a discussão sobre o fato de a mulher poder usar a roupa que ela quiser e ser respeitada”, conta. No Dia da Mulher, a escola organizou um “trote feminista”: meninas levaram cartazes em que pediam para ser respeitadas. “Aproveitamos esse material para discutir o assunto, várias meninas se abriram”, completa.

Comentários feitos durante as aulas também motivam o debate sobre o respeito à mulher. Larissa já ouviu frases como “respeita porque ela tem namorado” ou “respeita porque ela é professora”. “Intervi e falei: é ‘respeita porque é mulher”, diz. Nesta semana, ela estava dando aula sobre reprodução sexuada. Um dos alunos comentou: “é a menina do Rio?”. “Expliquei que o caso está sendo investigado, que a menina estava desacordada”, conta. Para relacionar à biologia, Larissa irá abordar os temas de castração química, natureza do homem e produção de testosterona, para desmistificar questões como “homem não se aguenta”.

Liberdade, Igualdade e Fraternidade

A professora de história Lícia Mascarenhas afirma sempre relacionar as questões de gênero com a disciplina em suas aulas na turma do 2º ano do ensino médio do Colégio Estadual Maria Pereira das Neves, em Niterói (RJ), e do 8º ano do Colégio Municipal Irene Barbosa Ornellas, em São Gonçalo (RJ). Ela usa como motivação datas como o Dia Internacional da Mulher e o Dia Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças para retomar personagens históricas, exibir filmes e realizar debates entre os alunos.

Partindo do gancho da Revolução Francesa, que tem o lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, Lícia retomou o debate após a notícia do estupro coletivo. “Peguei o lema como exemplo. Questionei até onde vai a liberdade das pessoas, se existe igualdade de gênero, falei sobre a cultura do estupro da qual os alunos nunca tinham ouvido falar”.

Segundo Lícia, a melhor forma de debater com os alunos é deixar eles exporem seus pensamentos e depois discuti-los. “O momento trouxe à tona a discussão. Os alunos ficam mobilizados. Mesmo no caso dos alunos que têm visões em que acreditam que a menina se colocou naquela situação, o fato de discutir já é importante. É importante demais que isso seja feito através de filmes, perguntas, textos, da maneira que for”.

'Papo controverso'

Miguel Malheiros é professor de história do 2º ciclo do ensino fundamental, na escola municipal Professor Souza Carneiro, no bairro Penha Circular, no Rio de Janeiro. Ele conta que havia planejado a aula para abordar a Segunda Guerra Mundial e a crise econômica, mas mudou os planos. “Tive uma conversa sobre gênero. A intenção é comprar a briga contra a campanha que existe de culpabilizar a vítima. O crime de estupro é o único em que a sociedade discute que ocorreu porque a vítima mereceu. Este pensamento é um retrocesso”, afirma.

“A vontade de nós, homens, que somos aliados na luta contra machismo, é de pedir desculpas pelo o que aconteceu. É possível e necessário levar essa discussão para a escola. Além de professores, somos educadores”, completa.

A escola funciona em tempo integral e uma das atividades extracurriculares oferecidas é uma aula chamada “Papo controverso”, em que se discutem questões sobre gênero, machismo, xenofobia e homofobia. Houve tanta procura pelo módulo que a escola vai oferecê-lo também no próximo semestre.

Aborto e senso crítico

O tema é discutido também nas aulas de biologia. O professor Fernando Cologneze Pinheiro, do Colégio Objetivo, em São Paulo, estabelece relação entre o conteúdo da disciplina e temas atuais. “Sempre que termino de ensinar embriologia, discuto a questão do aborto com os alunos. E isso esbarra no feminismo, que acho importante”, conta.

Fernando também reforça aos estudantes que é preciso ter senso crítico para debater. “Não existe o ‘sim, porque sim’, ‘não, porque não’. Quero que eles busquem argumentos. Não é para usarem a biologia como forma de justificar comportamentos machistas”, diz.

Sobre especificamente o tema do aborto, o professor prepara um projeto para abordar o assunto com os alunos. Por enquanto, procura mostrar a eles a importância da empatia. “Me assusta que jovens em idade escolar justifiquem o que aconteceu no Rio de Janeiro. Trabalho com o ‘imagina se fosse você, se olhassem suas fotos no Facebook e fizessem um julgamento’”, relata.

Além da biologia

O professor Mário Sérgio Souza dá aulas de biologia no Colégio Estadual Júlia Kubitschek, no Rio de Janeiro, que trabalha com a formação de professores de creche, pré-escola e classes até o 5º ano.

No primeiro dia de aula, propõe um “levantamento de concepções prévias” a seus alunos recém-saídos do ensino fundamental para descobrir o que pensam sobre determinadas questões, como violência de gênero e aborto. “A partir do levantamento, trabalho questões específicas. A questão do machismo pode ser mais forte em uma turma, a identidade de gênero pode aparecer com mais frequência em outra”, diz.

Segundo ele, relacionar os assuntos com a disciplina não é complicado. “A biologia é a própria vida. O ser vivo envolve uma série de questões sociais, psicológicas, que vão além da biologia tradicional. Trabalho o currículo oficial e também a formação humanística”, afirma.

Para Souza, é fundamental entrelaçar os temas com a disciplina, uma vez que ele trabalha com pessoas que lidarão com crianças mais tarde. “Se você não tem um profissional de educação com uma cabeça bem trabalhada para essas questões, que tipo de educação vai passar para essas crianças?”.

Biografias das funcionárias da escola

Em Iturama, interior de Minas Gerais, a professora Cristiane Machado também ensina língua portuguesa e desenvolve um projeto sobre o empoderamento feminino: Mulheres que Brilham. Os alunos escreveram minibiografias de todas as funcionárias mulheres da Escola Estadual M. S. de Lourdes. “Eles descreveram a importância de todas, da moça da portaria até a diretora”, conta. No encerramento do ano passado, Cristiane organizou um sarau, com música e poesia relacionadas à mulher antiga e contemporânea.

“Em uma cidade de 40 mil habitantes, cresci ouvindo que mulher não podia sair porque ia ficar falada. Que homens é que precisariam ‘pegar’ todas. A escola está tentando discutir isso, mas também precisamos de uma mudança nas famílias ”, conta.

Apresentação de “Carta Negra” encerra Seminário



SEMINÁRIO NACIONAL DE COMBATE AO RACISMO

JÁ FALEI 10.639 VEZES QUE O RACISMO É CRIME!

CARTA NEGRA


O Seminário de Combate ao Racismo da CNTE foi encerrado, no sábado (4), com uma plenária na qual foi apresentada a “Carta Negra”. O documento que foi aprovado pelos trabalhadores e trabalhadoras em educação, presentes no evento, afirma que eles irão permanecer em marcha pelo bem viver, pela democracia, pela igualdade racial, pela vida da juventude negra, pelo estado laico, pela liberdade religiosa, por uma educação antirracista, antissexista, antiLGBTfóbica, antimachista e pela superação das desigualdades.
Também foram realizadas oficinas simultâneas, para apresentar estratégias e ferramentas de combate ao racismo por meio da educação. Entre os temas estavam “Comunicação e expressão/diálogo antirracista: como fazer?”; “Literatura: contar e cantar histórias pra vencer o racismo”; “Da menina bonita do laço de fita às Tranças de Bintou” e “Instrumentos Musicais: uma nova leitura pra combater os preconceitos na escola”.
Para o professor em Educação de Jovens e Adultos da Rede Municipal de Ensino de Goiânia, Delmo da Silva, que ministrou a Oficina sobre instrumentos musicais, “usar a música como uma forma de liberdade de expressão e como uma visão de mundo é uma ótima ferramenta de combate ao racismo, dentro das escolas”.

“Eu acredito que a arte é a salvação de tudo e usar a música e a contagem de histórias como recursos no ambiente escolar é fundamental para mexer com a cabeça dos alunos e fazer com eles revejam seus próprios conceitos, ressaltou a professora pós-graduada em Arte, Madu Costa, que foi palestrante da oficina “Literatura: contar e cantar histórias para vencer o racismo.

A minuta com as sugestões apresentadas foi lida e aprovada pelos participantes. Agora o documento final será encaminhado à CNTE.




quinta-feira, 2 de junho de 2016

DESINCOMPATIBILIZAÇÃO

“Trazemos no corpo
O mel do suor
Trazemos nos olhos
A dança da vida
Trazemos na luta, a Morte vencida
No peito marcado trazemos o Amor”
(D. Pedro Casaldáliga, Pedro Tierra / Milton Nascimento, “Missa dos Quilombos”)








BOM DIA, COMPANHEIRAS E COMPANHEIROS DA EDUCAÇÃO!!!


A Professora Jovita Lima Silva dos Santos, Diretora da APLB Sindicato Delegacia Costa Sul - Eunápolis/BA, comunica à todos os Filiados desta entidade que, a partir de hoje, 02 de junho de 2016, está se desincompatibilizando( Se afastando ) do seu Cargo de Diretora desta Delegacia por um período de quatro(04) meses, assumindo portanto, o seu Vice-diretor o Sr. Egnaldo Alves Correia.

Jovita Lima Silva dos Santos, 
Diretora Licenciada





segunda-feira, 30 de maio de 2016

EDUCAÇÃO EM ALERTA!!!!!!


É fundamental e urgente que os sindicatos filiados à CNTE denunciem às suas bases o que está acontecendo no País, e organizem mobilizações permanentes para cobrar dos parlamentares federais (deputados e senadores) a rejeição das medidas de desmonte das políticas sociais.


Conforme anunciado recentemente pela CNTE, o governo interino de Michel Temer acaba de propor ao Congresso Nacional o fim da destinação de 50% dos recursos do Fundo Social e de 75% dos royalties do petróleo para a educação, além dos 25% restantes para a saúde.

Na prática, o governo Temer sugere revogar as lei 12.351 e 12.858, que asseguraram verbas do petróleo para a educação, e, de tabela, a meta 20 do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê alcançar o investimento público em educação equivalente a 10% do PIB. A destinação desses recursos, a partir de agora, será para o pagamento de juros da dívida.
As medidas anunciadas há pouco também indicam forte retração nos investimentos públicos em outras áreas sociais e nas despesas com pessoal. Segundo informou o site UOL, em duas semanas, o Ministério da Fazenda anunciará outras medidas para limitar os investimentos sociais ao patamar da inflação do ano anterior. Isso corresponde, em termos atuais, a um corte de quase 50% nos programas sociais e demais políticas públicas, como educação, saúde e segurança.

No caso da educação, além da pretensão do governo em agilizar a aprovação das desvinculações de receitas da União, de Estados e Municípios (DRU, DRE e DRM), retirando 25% das verbas até então asseguradas para o financiamento da escola pública, outras medidas devem ser anunciadas no sentido de impor teto ao financiamento educacional – o que na prática revogaria por completo o art. 212 da CF-1988, que trata da vinculação constitucional para a área. Já se anuncia também, extraoficialmente, o fim da aposentadoria especial do magistério, em âmbito da reforma da previdência, liquidando assim o período de políticas nacionais de valorização dos trabalhadores em educação.

Ao invés de investir na arrecadação de novos tributos para honrar os compromissos sociais, taxando, sobretudo, as classes abastadas – pois até hoje o Imposto Sobre Grandes Fortunas não foi regulamentado e os impostos patrimoniais possuem alíquotas irrisórias, quando comparados com os de nações desenvolvidas e que ofertam serviços públicos de qualidade à população – o governo interino de Temer opta por retirar direitos e por promover arrocho sobre a classe trabalhadora.

Diante deste cenário tenebroso, é fundamental e urgente que os sindicatos filiados à CNTE denunciem às suas bases o que está acontecendo no País, e organizem mobilizações permanentes para cobrar dos parlamentares federais (deputados e senadores) a rejeição das medidas de desmonte das políticas sociais.

Somente a nossa mobilização poderá reverter o ataque aos direitos dos trabalhadores e da sociedade, e desde já conclamamos a categoria para se manter alerta à convocação da CNTE, da CUT, da Frente Brasil Popular e demais entidades engajadas na manutenção do processo de desenvolvimento com inclusão social iniciado na última década.

Governo Temer quer o desmonte na educação pública

Veja as medidas propostas ao Congresso Nacional:

• Fim da destinação de 50% dos recursos do Fundo Social e de 75% dos royalties do petróleo para a educação, além dos 25% restantes para a saúde.

• Revogação das leis 12.351 e 12.858, que asseguraram verbas do petróleo para a educação, e, de tabela, a meta 20 do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê alcançar o investimento público em educação equivalente a 10% do PIB.

• Aprovação das desvinculações de receitas da União, de Estados e Municípios (DRU, DRE e DRM), retirando 25% das verbas para o financiamento da escola pública.

• Imposição de teto ao financiamento educacional – o que revogaria por completo o art. 212 da CF-1988, que trata da vinculação constitucional para a área.

Sindicatos, denunciem o que está acontecendo no País! Organizem mobilizações para cobrar dos parlamentares a rejeição das medidas!
Estejam alertas à convocação da CNTE, da CUT, da Frente Brasil Popular e demais entidades engajadas na manutenção do processo de desenvolvimento com inclusão social no País.

Baixe o arquivo para ser impresso em gráfica. http://goo.gl/eRVGCv

Fonte: Portal da CNTE

CUT pede mais SUS para combater cultura do estupro


Em nota, CUT condena estupro coletivo e diz que o fim da cultura sexista exige mais investimentos em políticas públicas


A Central Única dos Trabalhadores vem a público repudiar mais um crime hediondo contra as mulheres como ocorrido com a jovem menor de idade moradora da zona Oeste do Rio de Janeiro, violentada por 33 estupradores.

No Brasil, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos. Nós, trabalhadoras e trabalhadores da CUT, repudiamos o machismo e a misoginia que sustentam a cultura do estupro que torna todas as mulheres vulneráveis à violência.

As estatísticas mostram que, na base desta cultura da violência, a maioria das vítimas são as mulheres da classe trabalhadora: 52% das vítimas de estupro são mulheres pobres e negras.

Lamentamos que o governo golpista tenha primeiro desmontado o Ministério da Cidadania responsável pela pasta da Secretaria de Política para Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos e depois tenha escolhido para a Secretaria das Mulheres uma parlamentar fundamentalista que entre outros absurdos ataca os direitos sexuais das mulheres e seus direitos reprodutivos.

Repudiamos o ataque ao SUS que amplia a precariedade do sistema público de saúde para o atendimento das vítimas de estupro.

A Central Única dos Trabalhadores convoca todos e todas cutistas a refletirem e combaterem a cultura machista internalizada na sociedade brasileira. Em nosso 12º Congresso avançamos na luta pela equidade, aprovando a paridade entre homens e mulheres nos cargos de direção de nossa central. Lutamos cotidianamente contra a violência machista que vitimiza a vida de milhares de mulheres ano a ano. Nossa luta resultou em políticas públicas concretas em defesa da mulher, como a Casa da Mulher Brasileira e o programa Mulher, Viver sem Violência.

Expressamos nossas preocupações na continuidade e fortalecimento dessas ações num governo formado por homens, brancos, ricos e sem qualquer compromisso com a luta das mulheres.

Sob a coordenação da Secretaria Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, a Central Única dos Trabalhadores convoca todos os trabalhadores e trabalhadoras a se unirem no combate a todas as formas de violência. É a força, a resistência e a sororidade das mulheres que juntas nos ensinam a enfrentar a cultura da violência. Não permitiremos nenhum retrocesso.

Declaramos nosso apoio ao coletivo de feministas de todo o Brasil e a elas nos unimos na campanha Vigília Feminista ‪#‎EstuproNuncaMais‬ para denunciarmos a cultura do estupro e estimular a sociedade brasileira a combatê-la em suas múltiplas dimensões.

Juntas somos fortes!

Resoluções da Executiva Nacional da CUT: fortalecer a organização e mobilizar as bases para o enfrentamento com governo golpista

CONSTRUIR A GREVE GERAL PARA BARRAR O GOLPE E DEFENDER OS DIREITOS DOS TRABALHADORES



RESOLUÇÕES


     A direção Executiva da CUT, reunida extraordinariamente no dia 24 de maio de 2016 na cidade de São Paulo, reafirmou o não reconhecimento do governo ilegítimo de Michel Temer e sua disposição de continuar combatendo sistematicamente o golpe em curso contra a democracia e o s direitos da classe trabalhadora.

      As medidas econômicas do governo ilegítimo, anunciadas neste mesmo dia, revelam os objetivos reais deste golpe em curso: retirar direitos da classe trabalhadora,  arrochar os salários, reduzir o investimento e a ação do Estado na educação, na saúde e na área social, privatizar empresas públicas e  entregar a exploração de nossas riquezas, como o Pré-Sal à pilhagem das empresas transnacionais.

       É um governo que usurpou o poder através do golpe e que se curva à pressão do poder econômico e aos interesses das potências imperialistas. É um governo que não reconhecemos e contra o qual lutaremos com todas nossas forças, junto com os setores democrático populares representados pela Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo para derrotar o golpe e restabelecer o mandato popular e a democracia.

     A revelação das conversas gravadas de Romero Jucá, que levaram ao seu afastamento do Ministério do Planejamento, escancararam a farsa do golpe e seus reais objetivos: blindar corruptos que capitanearam o golpe, com a cumplicidade do poder judiciário. Com o apoio da grande mídia, a conivência da Justiça, a ação vergonhosa da maioria parlamentar, os golpistas tramaram o golpe para substituir o projeto de desenvolvimento focado na valorização da soberania nacional, na diminuição das desigualdades  e na inclusão social por um outro projeto neoliberal de subserviência aos interesses do grande capital e do imperialismo.

        Para derrotar o golpe e sua política neoliberal e entreguista, a CUT, além de todas as manifestações já realizadas, desencadeia agora o processo de preparação de uma greve geral. Continuaremos também nas ruas, em grandes manifestações,  ao lado de jovens militantes, de artistas, de personalidades,  de partidos políticos e  todos os outros segmentos democrático-populares da sociedade com a tarefa prioritária de derrotar o golpe, fazendo ecoar nossas bandeiras de resistência e de luta:

Fora Temer!

Não ao golpe!

Em defesa dos direitos!

CONSTRUIR A GREVE GERAL PARA BARRAR O GOLPE E DEFENDER OS DIREITOS DOS TRABALHADORES

   A ação fundamental da CUT neste momento  histórico excepcional é  fortalecer a  sua organização e mobilizar suas bases para o enfrentamento com  governo golpista.  As ameaças de retrocesso  e o ataque às conquistas e direitos da classe trabalhadora e do povo brasileiro já estão mais que anunciados. Neste sentido, a Direção Executiva da CUT deliberou por abrir imediatamente  o debate  com suas bases sobre a construção da  greve geral.  Esta discussão deve seguir o seguinte calendário:

assembléias sindicais;

plenárias de ramos e estaduais até final de junho;

reunião ampliada da direção nacional na primeira quinzena de julho para avaliar processo e deliberar sobre a greve.

     Nesses espaços e momentos de construção da greve geral, as entidades devem discutir com suas bases as medidas do governo golpista contra os direitos dos trabalhadores:  arrocho salarial, a terceirização irrestrita,  as demissões e precarização das condições de trabalho no serviço público,  a prevalência do negociado sobre o legislado, ou outras formas de contratação de trabalhadores diferente da CLT, a alteração nas políticas destinadas à agricultura familiar, entre outras medidas que afetam diretamente o conjunto ou parte da classe trabalhadora.

     Devem igualmente discutir nestes espaços os retrocessos que estão anunciados em relação às políticas públicas voltadas para o conjunto da população e afetam diretamente a classe trabalhadora como o aumento da idade mínima para se aposentar (reforma da Previdência), a mudança das regras de reajuste do salário mínimo, a desvinculação de  destino obrigatório  de parte dos recursos do PIB para a saúde, a  educação e a seguridade social.

     Devem, da mesma forma, discutir as medidas econômicas que afetarão, com o mesmo efeito negativo, a qualidade atual de vida dos brasileiros e das gerações futuras, como o fim do  Fundo Soberano, a ser usado para enfrentar eventuais crises e financiar o Pré-Sal.

     Tão grave quanto os cortes de direitos dos trabalhadores são as medidas apresentadas para acabar com os direitos da Petrobras sobre o Pré Sal. As mudanças no regime de partilha na exploração do Pré-sal, atendendo aos interesses das empresas petrolíferas estrangeiras, além dos grandes prejuízos econômicos, ferem a soberania nacional, além de prejudicar a educação que deixará de receber parte substantiva dos recursos  (oriundos dos resultados do regime de partilha na exploração do Pré-Sal), tão necessários à melhoria da  qualidade da educação pública e da ampliação das oportunidades de formação dos setores menos favorecidos  da população. O golpe, como a CUT vinha alertando desde o ano passado, é contra a classe trabalhadora e seus direitos e contra a soberania nacional. A greve geral é o instrumento para combater esses ataques.

    Na preparação da greve geral, a CUT deve promover a unificação  das campanhas salariais do segundo semestre em defesa do emprego, dos salários, de melhores condições de trabalho, aproveitando este movimento de enorme mobilização para fazer também o enfrentamento  ao governo golpista.


REFORMA DA PREVIDÊNCIA E REFORMA TRABALHISTA

A CUT reafirma sua posição contrária à proposta de reforma da previdência anunciada pelo governo ilegítimo de Temer, não proporá qualquer emenda à mesma e trabalhará pela mais ampla unidade do movimento sindical para barrá-la.

A CUT não aceita, tampouco, a flexibilização de direitos trabalhistas defendida pelos golpistas - negociado sobre o legislado, terceirização ilimitada (PLS 330) – bem como a desvinculação dos recursos obrigatórios com Saúde e Educação por eles pretendida.

A CUT articulará junto à CTB, Intersindical e setores das demais centrais, um “Encontro de Sindicalistas contra o golpe e em defesa dos direitos”, ainda no primeiro semestre, que potencialize a classe trabalhadora na defesa dos seus direitos, do patrimônio público (privatizações das estatais, serviços públicos e entrega do Pré Sal) e da democracia em nosso país, na perspectiva de construção da greve geral como instrumento de defesa da classe trabalhadora.



NÃO AO GOLPE! FORA TEMER! EM DEFESA DOS DIREITOS!

São Paulo, 25 de maio de   2016            

DIREÇÃO EXECUTIVA DA CUT

Fonte: Portal da CUT

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Meninas são estupradas diariamente por uma sociedade machista, intolerante e cruel

“A situação de vulnerabilidade das mulheres só tende a piorar com esse governo golpista que acabou com o ministério que cuidava de políticas públicas para as mulheres”, diz Ivânia Pereira, secretária da Mulher Trabalhadora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).


Num espaço de poucos dias, uma menina de apenas 16 anos f
oi estuprada por 33 homens no Rio de Janeiro e outra foi vítima de estupro coletivo no Piauí. As notícias chocaram. Até agora a polícia indiciou somente quatro rapazes do Rio de Janeiro, inclusive, um deles mantinha um relacionamento com a menina há pelos menos 3 anos.

“A situação de vulnerabilidade das mulheres só tende a piorar com esse governo golpista que acabou com o ministério que cuidava de políticas públicas para as mulheres”, diz Ivânia Pereira, secretária da Mulher Trabalhadora da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Para ela, “a instalação desse governo, que é defendido por homens que pensam como o Jair Bolsonaro, vem acarretando muitos problemas para as mulheres, porque machismo para eles é elogio”.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública uma mulher é estuprada a cada 11 minutos no país. Mas o professor Robson Sávio, que gravou programa de rádio para o Sindicato dos Professores de Minas Gerais estima que esse número é ainda mais assustador porque muitas ainda não denunciam a violência (leia aqui).

Também é muito comum no Brasil denúncias de assédio sexual no mundo do trabalho e no transporte público como mostra o Instituto Patrícia Galvão de que dobrou o número de abusos sexuais no metrô de São Paulo em 4 anos.

A coordenadora-geral da União Brasileira de Mulheres (UBM), Lúcia Rincón, não tem a menor dúvida de que “a atual situação de intolerância e misoginia que vivemos em nossa sociedade favorece esse tipo de violência “, porque “o patriarcado tem medo da emancipação feminina”, reforça.

Ivânia concorda com ela. “Os homens que agem dessa maneira se assustam com as conquistas de espaços que tivemos nos últimos anos e com a instalação desse governo golpista sentem-se impunes para se vingar dos avanços sobre a questão da igualdade de gênero”.

A coordenadora do Grupo Especial de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (GEVID), do Ministério Público do Estado de São Paulo, Silvia Chakian, em entrevista à BBC Brasil afirma que a certeza da impunidade motiva esse tipo de crime.

Eles "agem em grupo, gravam e publicam a própria prova do crime que praticaram”, acentua. Isso para Silvia, “mostra o descaso para eventuais responsabilizações, descaso com a Justiça". Já a Organização das Nações Unidas Mulheres (ONU Mulheres) do Brasil exige punição aos agressores.

“A ONU Mulheres solicita, aos poderes públicos dos estados do Rio de Janeiro e do Piauí, que seja incorporada a perspectiva de gênero na investigação, processo e julgamento de tais casos, para acesso à justiça e reparação às vítimas, evitando a sua revitimização”.

Lúcia defende a necessidade de intensificação de ações que combatam a violência contra as mulheres. “Precisamos nos manter nas redes e nas ruas divulgando nossos princípios de solidariedade, de justiça social, de crença em relações fundadas nos direitos humanos”.

“Temos que combater a propagação de ideias de que o lugar se circunscreve ao lar como defende o patriarcado”, acentua Ivânia. “Mostrar que o lugar das mulheres é onde elas quiserem e que isto não é contra os homens, mas sim em defesa de direitos iguais”.

Para Ivânia, os casos de estupros, mostram que o “capitalismo oprime a todos, ams principalmentes as mulheres". Por isso, diz ela, "exigimos a punição de todos os agressores imediatamente. Chega de impunidade e de conivência com a violência". 

Fonte: Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy